6 perguntas respondidas sobre a uretrocistoscopia
Cerca de 10% da população brasileira sofre com algum problema relacionado ao trato urinário. Esse percentual dobra a partir dos 50 anos e afeta principalmente as mulheres, embora também seja comum em homens.
Dentre as alterações mais comuns, encontra-se a bexiga hiperativa, incontinência urinária e a hiperplasia de próstata. Além disso, a impactação de cálculos renais e o refluxo vesicoureteral também são prevalentes em adultos e crianças, respectivamente.
Esses problemas afetam a qualidade de vida e podem ter sérias implicações na saúde e na autoestima das pessoas. Por esse motivo, diagnosticar e cuidar de alterações do trato urinário é importante.
Um dos exames que pode ajudar na investigação é a Uretrocistoscopia. Saiba no post o que é esse procedimento, para quem ele é indicado, como é feito e outras informações importantes. Acompanhe!
1. O que é a Uretrocistoscopia?
A Uretrocistoscopia é um exame endoscópico, semelhante à endoscopia do sistema digestivo e a colonoscopia, o exame da porção superior do reto. Nesse caso, um fino tubo, chamado endoscópio, é introduzido na uretra para permitir que ela seja avaliada. O exame também permite a avaliação da porção prostática da uretra (que passa dentro da próstata nos homens) e da bexiga.
Isso é possível porque o endoscópio possui uma câmera de alta resolução em sua ponta, assim como iluminação própria. Existem dois tipos de Uretrocistoscopia, que explicaremos a seguir.
Flexível
Esse procedimento é feito com um aparelho chamado endoscópio de fibra óptica, que é de material flexível e fino. Sendo assim, ele adapta-se facilmente às curvas da uretra, o que proporciona maior conforto para o paciente. Além disso, permite ao examinador maior facilidade para a realização do exame, demandando que apenas anestesia local seja usada.
Dessa forma, não é empregado nenhum tipo de sedativo, ou seja, o paciente permanece acordado e o procedimento pode ser feito em consultório. Como qualquer tipo de anestesia pode trazer riscos para a saúde, a uretrocistoscopia flexível é a opção mais indicada. Outro beneficio é a rápida recuperação, visto que não é necessário esperar que os efeitos da anestesia geral passem.
Rígida
Na Uretrocistoscopia rígida é usado um aparelho pouco maleável, semelhante a uma haste metálica. Dessa forma, o procedimento é mais doloroso. Por esse motivo é preciso que o médico utilize anestesia geral para realizá-lo.
O aparelho tem, além da luz e da câmera, um canal pelo qual instrumentos cirúrgicos podem ser passados. Sendo assim, esse exame só é indicado quando se precisa realizar biópsias, detectar tumores e, em algumas situações, para quebrar cálculos no trato urinário.
2. Existem riscos para a realização desse exame?
Como citado, existe o risco de alergia aos componentes da anestesia. Esse risco é maior quando a anestesia é geral, visto que a sua absorção é sistêmica. As anestesias locais não oferecem grande risco.
Na realidade, o principal risco do exame é uma infecção. Afinal, o instrumento usado para realizar o procedimento está em um ambiente não estéril e será introduzido dentro do organismo.
Para minimizar esses riscos, o médico pede exames de rotina, a fim de investigar se o sistema imune do paciente está competente. Além disso, utiliza-se antibioticoterapia profilática, ou seja, para prevenir infecções caso haja ascensão de bactérias.
Caso a infecção ocorra, é comum que ela seja restrita à uretra ou bexiga, sendo facilmente tratada com antibióticos por via oral. A pielonefrite, ou infecção nos rins, é uma rara complicação do procedimento.
Após o término do procedimento é natural que o paciente sinta dor para urinar ou observe pequenos sangramentos. Isso acontece porque o aparelho passa na mucosa uretral, que é delicada. No entanto, de maneira geral, é um procedimento seguro e que não oferece grandes riscos para a saúde do paciente.
3. Quando o procedimento é indicado?
Esse exame é indicado para avaliar obstrução de uretra, o tamanho da próstata, pólipos, tumores na bexiga, presença de cálculo renal na bexiga ou na uretra e a capacidade da bexiga. Normalmente esses quadros contam com sangue na urina, o que é a principal indicação para realizar a Uretrocistoscopia. Outros sintomas como perda involuntária da urina também podem ser investigados com esse exame.
Além disso, pode ser útil para avaliar crianças com suspeita de refluxo vesicoureteral, condição em que a bexiga da urina volta para os ureteres e pode chegar até os rins.
4. Qual o preparo para o exame?
Alguns dias antes da Uretrocistoscopia, o médico pede que o paciente faça exame de urina, a fim de descartar a possibilidade de infecção. No dia anterior é indicado que o paciente faça jejum de 4 horas para evitar náuseas durante o procedimento.
O médico também pede ao paciente que esvazie a bexiga antes da realização do exame, visto que um de seus objetivos é avaliar qual é a quantidade de resíduo urinário pós-miccional.
5. Que profissional pode fazer uma Uretrocistoscopia?
O médico urologista é o profissional da área de saúde que diagnostica e trata problemas relacionados ao trato urinário e do sistema genital dos homens. Para que um médico se torne especialista nessa área é necessário passar por duas especializações, cirurgia geral e urologia, após terminar a faculdade de Medicina.
Dessa forma, entre o início dos estudos e o título de Urologista passam-se no mínimo 11 anos de dedicação. Sendo assim, esse é o profissional indicado para fazer exames, procedimentos e também cirurgias no aparelho urinário e genital masculino.
6. Quanto tempo dura o exame?
A Uretrocistoscopia dura aproximadamente entre 20 e 30 minutos. Se o procedimento for realizado com anestesia local, o paciente pode retornar às suas atividades cotidianas normalmente, sem nenhuma recomendação adicional.
No entanto, se a técnica for feita com anestesia geral é preciso que o paciente fique em observação após o procedimento para que os efeitos passem, visto que a sedação nesse caso é mais profunda. O período em que o paciente fica internado é variável e depende da indicação médica.
E então, você tirou todas as suas dúvidas sobre a Uretrocistoscopia? Esse procedimento é fundamental para melhorar a qualidade de vida de pessoas que sofrem com problemas urológicos. Se você notou alguma alteração no aparelho urinário, como sangramentos na urina, entre em contato conosco para diagnosticar e tratar o problema precocemente!
José Alexandre Pedrosa
Urologista - Instituto Nacional de Câncer - Brasil Comitê de Cirurgia Robótica - Instituto Nacional de Câncer - Brasil Fellow em urologia oncológica - Indiana University Membro Sociedade Brasileira de Urologia