o que é cistectomia com neobexiga?
O que é cistectomia radical?
A cistectomia 
radical consiste da retirada da bexiga com a finalidade de tratar tumores de bexiga de alto risco. Este tipo de procedimento é o mais efetivo no tratamento destes tumores, sendo considerado o padrão para tumores invasivos e refratários a tratamento intravesical.
Por conta de diferenças anatômicas é necessário separar o sexo masculino do feminino para definir o que é cistectomia.
No caso dos homens compreende a retirada de próstata e vesículas seminais. Em mulheres a retirada da bexiga é acompanhada da ressecção do útero e ovários.
Este tipo de cirurgia pode ser realizado de diversas maneiras, incluindo modalidades aberta, laparoscópica e a cistectomia radical robótica. Vantagens das duas últimas modalidades estão associadas ao menor taxa de sangramento e melhor recuperação pós-operatória.
O que é cistectomia robótica?
A cirurgia robótica consiste da utilização do sistema robótico da vinci para realização da cirurgia. O procedimento é realizado através de pequenos cortes por onde os braços do robô são posicionados. O cirurgião controla os braços do robô a distância de um dispositivo denominado console.
O técnica robótica foi popularizada através da cirurgia robótica de próstata, porém oferece os mesmos benefícios nos casos de câncer de bexiga. A precisão do instrumental e melhor visualização oferecem cirurgia com menos dor, menos sangramento e melhores resultados funcionais.
Após treinamento de 2 anos nos EUA e certificação da Society of Urologic Oncology oferecemos este tipo de tratamento que está entre os mais complexos da especialidade.
Quando está indicada a cistectomia radical?
Existem diversas situações onde a retirada da bexiga é necessária. Patologias inflamatórias e neurológicas podem causar disfunção severa do órgão fazendo necessária a retirada do mesmo. No entanto, nestas situações apenas cistectomia simples pode atingir o resultado desejado.
A cistectomia radical, como descrita acima, esta indicada em casos de tumores que acometem a bexiga. A ressecção alargada visa melhores resultados e maior chance de cura. Considerando o porte da cirurgia, esta é indicada em casos muito específicos.
Classicamente o tratamento radical é indicado em pacientes onde o câncer de bexiga que apresente invasão de camada muscular. Isso significa que o tumor é capaz de invadir a bexiga e apresenta maior propensão a progressão. Nestes casos o tratamento indicado consiste de quimioterapia pré-operatória seguida de cistectomia radical.
Outra indicação para retirada da bexiga consiste de tumores localizados refratários ao tratamento intravesical. Tumores que não chegam a camada muscular, chamados de T1, podem ser abordados com ressecção transuretral e BCG intravesical. No entanto, há caso em que o tumor retorna após o tratamento conservador. Nestes casos a cistectomia radical está indicada.
Quais são os resultados esperados?
Apesar de complexo o tratamento com a retirada da bexiga é bastante eficaz no tratamento do câncer. Números gerais mostram chance de cura global atingindo cerca de 60%.
Os números podem ser melhores em casos iniciais como tumores T1, com taxa de cura que se aproximam de 90%. Ocorre que nestes casos as terapias de preservação da bexiga também apresentam resultado satisfatório deixando a cistectomia para recorrências.
O que é cistectomia com neobexiga?
Toda vez que se retira a bexiga é necessário se estabelecer um caminho alternativo para que a urina seja escoada. Existem diversas alternativas denominadas derivações urinárias.
Dividimos as derivações urinárias de acordo com a continência e a posição:
Derivações Incontinentes
Derivações incontinentes são aquelas que conduzem a urina de forma constante para fora do corpo. A mais utilizado é denominada conduto ileal. Neste procedimento utiliza-se um segmento de alça intestinal para conduzir a urina a uma bolsa coletora que fica no lado externo do abdome.
Este tipo de derivação tem a vantagem de manter o sistema urinário com baixa pressão e bom escoamento. Isso reduz a chance de infecções e formação de cálculos.
Derivações continentes
As derivações continentes são mais conhecidas como neobexigas. Este nome se dá ao fato de que é construída um novo reservatório com função semelhante a bexiga nativa.
São diversas técnicas que consistem de diferentes formas de se moldar segmentos do intestino para se formar reservatórios capazes de promover a continência urinária.
Neobexiga ortotópicas são aquelas posicionadas na localização habitual da bexiga, localizada na pelve e conectadas a uretra. Neobexigas heterotópicas são colocadas em diferentes regiões da cavidade abdominal e são exteriorizadas através da parede por condutos. Nestes casos o reservatório é esvaziado através de cateterismo.
Oferecemos estas diferentes técnicas dependendo das características e da opção de cada paciente. Todas elas podem ser realizadas através de cirurgia robótica.
Quais são os resultados de continência urinária da neobexiga?
A principal razão para se realizar uma neobexiga ortotópica é a manutenção da imagem e funcionamento do corpo. Muitos pacientes se assustam ao se defrontarem com a idéia de portar um estoma para eliminação da urina.
No entanto, existem muitas dúvidas à respeito do resultado final, ou seja, se realmente os pacientes são capazes de levar uma vida normal após o procedimento.
Continência Urinária
Com relação a continencia urinária, a grande maioria dos pacientes irá apresentar continência diurna satisfatória. Taxas superiores a 80% de continência durante o dia são esperadas. Um problema que permanece está relacionada a perda eventual durante a noite. Cerca de 40 a 50% dos pacientes experimental escape urinário noturno.
A necessidade de cateterismo para esvaziar a bexiga também pode ser necessária. Isso ocorre em cerca de 10% dos homens e 50% das mulheres.
Vida Sexual
Com relação a vida sexual os resultados dependem de outros fatores.
No caso dos homens a preservação dos nervos é o fator determinante. Em pacientes jovens a preservação nervosa pode preservar a ereção em cerca de 50% dos casos.
No caso das mulheres a preservação sexual está ligada a manutenção de parte da vagina e útero, podendo ser realizada na dependência do estancamento do tumor.
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Outras informações: https://www.cancer.org/cancer/bladder-cancer.html
José Alexandre Pedrosa
Urologista - Instituto Nacional de Câncer - Brasil Comitê de Cirurgia Robótica - Instituto Nacional de Câncer - Brasil Fellow em urologia oncológica - Indiana University Membro Sociedade Brasileira de Urologia