Segundo o INCA, Instituto Nacional de Câncer, estima-se que, em 2018, cerca de até 70.000 novos casos de câncer de próstata no Brasil podem ser diagnosticados. Esse valor corresponde a um risco estimado de 66,12 quadros descobertos a cada 100.000 habitantes. Dessa forma, a partir dos 50 anos de idade, a neoplasia na próstata é o terceiro câncer mais comum nos homens.
A cirurgia é o tratamento escolhido para casos nos quais o tumor está localizado, ou seja, quando não há invasão de tecidos vizinhos ou metástases para outros órgãos. Ela recebe o nome de prostactectomia radical, tratamento de câncer de próstata em que se retira essa glândula e as vesículas seminais, assim como os linfonodos pélvicos se eles estiverem acometidos.
O grande problema é que as vias tradicionais de cirurgia (aberta ou laparoscópica) apresentam altos índices de efeitos colaterais, como a perda da ereção e a incontinência urinária. No entanto, graças a inovação tecnológica na área urológica pôde-se preservar a função urinária e a potência sexual em cerca de 90% dos pacientes através da operação robótica.
Neste post apresentaremos quais são os benefícios da cirurgia robótica no tratamento do câncer de próstata e por que ela reduz as sequelas. Confira!
Inovação tecnológica na urologia
A Medicina é uma área líder historicamente no avanço tecnológico. No último século, foram desenvolvidas inúmeras técnicas de diagnóstico e tratamento que impactaram tanto o trabalho do médico quanto a vida do paciente.
Nesse contexto, a cirurgia robótica foi idealizada em 1999. Seu objetivo era transpor as barreiras físicas entre médicos e pacientes. Desse modo, um cirurgião experiente poderia operar uma pessoa que necessitasse de seus cuidados a distância. No entanto, essa ideia não foi amplamente aceita pela sociedade médica e acabou em desuso.
Após alguns anos, um urologista chamado Mani Meon percebeu que essa tecnologia poderia ser usada de forma benéfica em alguns procedimentos urológicos, como a prostatectomia radical. Nesse caso o cirurgião não operaria a distância, mas poderia usar o braço robótico para melhor precisão. Com a implementação em larga escala descobriu-se que, se a cirurgia fosse realizada por via robótica, alcançavam-se ótimos resultados na preservação da potência sexual, dentre outros benefícios.
Atualmente, nos EUA, cerca de 90% dos pacientes com câncer de próstata são tratados com cirurgia via robótica. Além disso, o avanço tecnológico permitiu melhorias em outros procedimentos urológicos, como:
- nefrectomia (retirada total ou parcial do rim);
- cistectomia (extração plena ou parcial da bexiga);
- pieloplastia (correção na junção do rim e ureter);
- adrenalectomia (retirada de glândula suprarrenal).
Benefícios da cirurgia robótica no tratamento do câncer de próstata
Menos sangramento e necessidade de transfusão
A cirurgia robótica é minimamente invasiva mas, ao mesmo tempo, permite que o cirurgião tenha qualidade em sua performance e uma precisão otimizada nos movimentos. Dessa forma, diminui-se muito a chance de sangramento, seja na própria próstata (parte ricamente vascularizada) ou em estruturas vizinhas.
Outra vantagem é a redução do uso de transfusão sanguínea, procedimento inevitável quando há sangramentos intraoperatórios. Apesar de ter um potencial benéfico, principalmente em pacientes com hemorragias expressivas, é preciso utilizar a transfusão com critério, visto que ela pode ter complicações graves, como a transmissão de micro-organismos, reações febril e alérgicas e sobrecarga circulatória.
Melhor resultado estético
Existem algumas vias mais usadas para a realização da prostatectomia radical tradicional. A primeira na via aberta é a chamada retropúbica, em que o cirurgião faz um corte na pele da parte inferior do abdômen (semelhante a incisão de cesárea) e outro que liga o umbigo a esse corte. Já na via perineal é feita uma abertura entre o ânus e o escroto. Na via laparoscópica são necessárias diversas pequenas fissuras pelo abdômen e períneo.
Na prostatectomia radical feita por via robótica são realizadas cissuras de apenas 8mm e em menor quantidade. Assim, o resultado estético é excelente, proporcionando ao paciente cicatrizes menores e imperceptíveis. Esse efeito também é importante do ponto de vista funcional, pois cicatrizes grandes podem se tornar fibrosas e prejudicar a movimentação do paciente.
Menor tempo de internação hospitalar e recuperação rápida
A cirurgia por via aberta obriga o paciente a permanecer com a sonda por 15 dias. Já no procedimento robótico, é preciso metade do tempo para recuperação, ou seja, aproximadamente 7 dias. O período de internação também é muito menor, durando no máximo 48 horas. Alguns pacientes recebem alta no mesmo dia e podem voltar às suas funções mais rapidamente.
Melhores resultados funcionais de continência e função sexual
No processo da cirurgia robótica, é o cirurgião quem controla o robô, mas a tecnologia permite que o médico tenha mais exatidão nos movimentos e faça menor tração nos tecidos, o que preserva os nervos na grande maioria dos casos.
Isso é extremamente benéfico do ponto de vista funcional, pois os nervos localizados próximos à próstata são responsáveis pela ereção masculina e a continência urinária. Nos outros tipos de cirurgia, o índice de lesão de nervos é maior, o que pode acarretar perda da capacidade de ereção e do controle do fluxo urinário.
Evolução da técnica e estudos
Em algumas situações, há disseminação da doença para os linfonodos adjacentes, situados no entorno da próstata, o que não é considerado uma metástase. Existem algumas técnicas, como o PET-CT, capazes de localizar a patologia restrita aos linfonodos, e, para o tratamento, também pode ser feita a cirurgia por via robótica.
Esse procedimento pode ser efetuado de forma estendida, ou seja, durante a própria cirurgia para tratamento de câncer de próstata ou como forma de resgate, quando o paciente já tirou a próstata, mas ainda apresenta a doença linfonodal.
Nesse caso, o robô ajuda tanto com a magnificação da imagem para que os linfonodos sejam encontrados, quanto para redução de sangramento e de dor no pós-operatório. Esse tipo de abordagem é cada vez mais efetivada hoje em dia e apresenta um melhor prognóstico para o paciente.
Apesar de ter progressão lenta, o câncer de próstata precisa ser diagnosticado no início, a fim de evitar a sua disseminação e as sequelas da cirurgia em casos mais avançados. Para isso, é essencial que o homem realize a prevenção por meio de consulta periódica com o Urologista, a partir dos 40 anos.
O Dr. José Alexandre Pedrosa é médico, especialista em Urologia e em cirurgias oncológicas por via robótica. Se você ainda não realizou os exames de rotina do homem, entre em contato e marque sua consulta!