Uma das tecnologias que vêm se destacando e já é realidade no Brasil, inclusive no SUS, é a cirurgia robotica. Ela é diferente da laparoscopia, procedimento em que o cirurgião segura as pinças para introduzir a câmera e os instrumentos, visto que quem realiza essa função é um braço robótico. No entanto, o médico especialista é quem o controla.
Essa técnica melhora o desempenho do cirurgião, visto que o braço do robô não treme e realiza movimentos muito delicados e precisos. Além disso, há melhora do resultado das cirurgias, diminuição dos riscos de infecção, recuperação mais rápida e menor risco de traumas e complicações.
Entenda, neste post, como funciona uma cirurgia robótica e em quais casos pode-se utilizar essa tecnologia.
Como funciona uma cirurgia robotica?
Antigamente, era preciso cortar o paciente com um bisturi e expor grande parte de sua região interna, o que propiciava o desenvolvimento de infecções e deixava cicatrizes grandes e inestéticas.
Atualmente, a cirurgia robotica é a mais indicada para procedimentos muito delicados, cujo espaço para atuar é limitado ou quando é necessário detalhar minuciosamente um órgão. Isso porque são estabelecidos pequenos acessos laparoscópicos (incisões de cerca de 1 cm a 1,5 cm) pelo médico, em que são introduzidos os instrumentos e a câmera pelo robô.
O cirurgião fica confortavelmente sentado em um console, local de onde controla os movimentos do braço robótico. Outra vantagem é que o robô reproduz a movimentação similar à do médico, o que não acontece na laparoscopia tradicional, visto que nesta técnica o mecanismo de movimentação dos instrumentos é inverso.
A visão proporcionada pela tecnologia é tridimensional, de grande resolução e com melhor detalhamento dos planos de anatomia. Assim, é possível acessar locais difíceis e realizar cirurgias delicadas. Ser apto para realizar a cirurgia robótica exige uma capacitação em que o cirurgião realiza cirurgias supervisionadas por um proctor, profissional especialista na área.
Novas tecnologias aplicadas na cirurgia robotica
Robô Da Vinci Xi
A principal novidade no campo de cirurgia robotica é o robô Da Vinci Xi. Apesar de ter chegado ao Brasil em 2017, o robô já possui um novo modelo com características inovadoras que tornaram a cirurgia robótica ainda mais suave e precisa.
Nas cirurgias com as gerações antigas do robô era preciso realizar um corte maior para introduzir a câmera. No novo modelo, a câmera pode ser adaptada em um portal robótico convencional, o que diminui o tamanho da incisão e, consequentemente, da cicatriz.
A nova câmera também dispensa o ajuste de foco, o que facilita a operação. Outro aspecto importante é a sua versatilidade, visto que com o novo robô é possível alternar o posicionamento da câmera durante a cirurgia. Assim, não é preciso realizar incisões adicionais caso seja necessário abordar outras áreas da cavidade abdominal.
Essa tecnologia oferece segurança para o paciente, pois o tremor do cirurgião é zerado e os movimentos de rotação são perfeitos. O Da Vinci Xi é amplamente usado na urologia, visto que a delicadeza do procedimento permite que a próstata seja retirada de forma a maximizar os resultados de preservação da ereção e continência urinária. Além disso, ele também é usado em outras cirurgias delicadas, como a plástica de junção do ureter com a pelve renal em casos de estenose.
Fluorescência
O contraste é uma substância usada em exames diagnósticos e em cirurgias, permitindo melhor avaliação de determinada estrutura do organismo. Em pessoas acometidas por um câncer, por exemplo, é preciso identificar qual é a extensão do problema. Para isso, utiliza-se a injeção de radioisótopo ou corante, que identifica os gânglios envolvidos por tumores e se há necessidade de retirá-los.
Recentemente, a câmera do robô Da Vinci foi equipada com infravermelho. Essa técnica revolucionou a utilização de marcadores intraoperatórios, visto que hoje é possível utilizar fluoresceína. Esse composto químico, ao ser dissolvido em água e exposto à luz ultravioleta, emite uma luz verde-amarelada. Assim, é possível visualizar, no momento da cirurgia, os gânglios corados pelo método, facilitando sua dissecção e posterior ressecção.
Além da utilização para identificar linfonodos, as técnicas de fluorescência também podem ser utilizadas para verificar a vascularização tecidual. Desse modo, é possível avaliar as anastomoses (comunicação feita entre estruturas do organismo) do intestino e ureter.
Novas técnicas aplicadas na cirurgia robotica urológica
No campo da urologia, procedimentos para tratamento de tumores de próstata foram os primeiros a ser realizados pela cirurgia robótica. Atualmente, mais de 85% das prostatectomias radicais (retirada total da próstata) são realizadas pela tecnologia.
Hoje, novos procedimentos também a utilizam, como:
Cistectomia radical
Em alguns casos de câncer invasor da bexiga pode ser necessário realizar uma cistectomia radical, ou seja, a retirada total do órgão.
Recentemente, estudos têm demonstrado melhoria de resultados perioperatórios com a utilização da técnica robótica. Os principais fatores estão relacionados a sangramento, necessidade de transfusões e recuperação pós-operatória.
Derivação urinária
Após a cistectomia radical, é preciso reconstruir o trato urinário. Para isso, utilizam-se segmentos do intestino do paciente para construir um novo órgão, que fará a função da bexiga.
Nesse cenário, a utilização do robô Da Vinci permite que o procedimento seja realizado de forma totalmente intracorpórea. Desse modo, não há necessidade de um novo corte para construir a derivação.
Reimplante ureteral
A urina que desce pelos ureteres e chega até a bexiga, normalmente, não retorna até os ureteres devido a um mecanismo valvular. No entanto, se a válvula não funciona corretamente pode haver refluxo de urina da bexiga. Esse refluxo, chamado vesicoureteral, pode propiciar o aparecimento de infecções urinárias.
A técnica de reimplante ureteral é muito utilizada para casos de refluxo vesicoureteral em crianças. Além disso, o robô proporciona a confecção de válvula com perfeição, o que elimina o refluxo. Em adultos, essa técnica pode ser usada em caso de estreitamento e de tumores do ureter.
Linfadenectomia estendida/resgate
Os locais mais comuns de disseminação do câncer de próstata são os linfonodos e os ossos. Normalmente, as metástases só ocorrem após um longo período de desenvolvimento da doença. No entanto, ela pode ser precoce em alguns casos. É por esse motivo que o homem deve procurar um urologista anualmente a partir dos 45 anos, quando há histórico familiar de câncer de próstata, e a partir dos 50 se não há.
Recentemente, com a introdução do PET CT com PSMA, é possível localizar melhor a disseminação dos linfonodos em caso de câncer de próstata. Desse modo, pode-se realizar a retirada de gânglios acometidos com precisão, seja no procedimento inicial, seja em cirurgias de resgate.
A introdução da assistência robótica tem proporcionado ótimos resultados para os pacientes, principalmente na área urológica. O sistema Da Vinci é, sem dúvida, um dos mais utilizados em todo o mundo, e atualmente é o mais indicado para tratar problemas na próstata e nos rins.
No Rio de Janeiro, o Dr. José Alexandre Pedrosa tem o sistema Da Vinci disponível para realizar cirurgias robóticas e está à disposição para conversar sobre as opções de tratamento para o seu caso. Aguardamos o seu contato!