Câncer de próstata tem cura
Sim, o câncer de próstata tem cura. Dados do sistema de saúde da Inglaterra mostram que as taxas de cura do câncer de próstata triplicaram nos últimos 40 anos. Segundo o site da cancer research UK as taxas de sobrevida em 10 anos de pacientes com câncer de próstata atingem 84%.
Isso se deve a mudanças relacionadas ao diagnóstico e ao comportamento do câncer. Sabemos hoje que o câncer de próstata apresenta comportamento indolente, ou seja lento. Com a instituição do exame periódico com psa e toque retal passamos a diagnosticar este tipo de tumor em fase localizada. Com isso, passamos a oferecer tratamento adequado a tempo e reduzir a chance de progressão.
Câncer de próstata tem cura – aspectos do rastreamento
Sabemos que a realização do exame com psa anual modificou a dinâmica desta doença. Hoje a vasta maioria dos pacientes são diagnosticados em fase localizada e podem ser curados com o tratamento. Isso contrasta com a realidade de 40 anos atrás quando a maioria dos pacientes era diagnosticado em fase disseminada.
No entanto, sabemos que alguns pacientes diagnosticados com tumores de baixo grau apresentam risco pequeno de evolução da doença. De fato, muito se questionou sobre a necessidade rastreamento no passado devido a tratamentos desnecessários, mas hoje com a perspectiva de acompanhamento de tumores de baixa agressividade isso vem sendo revisto. Nestes casos a vigilância ativa desempenha papel importante na redução das sequelas relacionadas as intervenções.
Hoje existe grande disparidade entre sociedades médicas a respeito do rastreamento para câncer de próstata. Podemos afirmar que existe consenso em recomendar inicio do rastreamento aos 50 anos para homens sem fator de risco e 45 para homens com história familiar. A periodicidade de 1 a 8 anos dependendo avaliação de risco. Além disso, o mais importante é que o rastreamento deve ser interrompido em pacientes acima de 75 anos ou com expectativa de vida menor que 10 anos.
Câncer de próstata tem cura – quais a modalidades de tratamento?
Existem diversas modalidades de tratamento para o câncer de próstata. As principais formas são a cirurgia e a radioterapia externa.
Cirurgia
A cirurgia se baseia na retirada da glândula, vesículas seminais e, em alguns casos, de gânglios linfáticos próximos. A ideia é retirar o tumor antes que ele assuma a capacidade de invadir órgãos vizinhos ou de enviar células a distância. Até a década de 80, a prostatectomia radical, como é chamada, raramente era utilizada. Nesta época os resultados das técnicas descritas era muito ruim, com elevados índices de transfusão, incontinência urinária e impotência sexual.
Em 1980, Patrick Walsh e colaboradores, descreveram a técnica retropúbica moderna. Com resultados muito superiores aos antecedentes a cirurgia passou a figurar como principal forma de tratamento. Hoje, a evolução técnica levou ainda ao desenvolvimento das técnicas laparoscópica e robótica.
Saiba mais sobre cirurgia robótica para câncer de próstata
Radioterapia
A Radioterapia se baseia no disparo de feixe de partículas de alta energia com o objetivo de desestabilizar os núcleos de células tumorais e destruí-las.
Assim como com a cirurgia a radioterapia também passou por grande evolução. Técnicas com múltiplos feixes e intensidade modulada denominada IMRT estão entre as mais recentes. Neste tipo de radioterapia o cruzamento destes feixes permite moldar o órgão alvo de forma a evitar exposição de órgãos adjacentes a radioterapia. Isso também permite aplicar doses mais elevadas ao órgão alvo.
Outros avanços estão relacionados a associação de medicações que aumentam a resposta dos tumores a radioterapia. Atualmente, estudos mostram que a associação do bloqueio hormonal com a radioterapia melhoram os resultados desta terapia.
Braquiterapia – neste tipo de radioterapia são implantadas sementes radioativas na próstata com o objetivo destruir o tumor prostático.
Técnicas ablativas
As técnicas ablativas consistem da utilização de tipos diferentes de energia para destruir as células da glândula e assim destruir o tumor. Hoje as principais técnicas são a crioablação e a HIFU. Ambas as técnicas carecem de resultados consolidados no longo prazo, mas já são aprovados para uso clínico em situações de exceção como recorrência após radioterapia.
Uma das vertentes atuais de estudos destas técnicas baseiam-se na capacidade de destruir lesões orientadas por imagem de ressonância nuclear magnética.
Vigilância Ativa
A Vigilância ativa consiste de estratégia de tratamento, na qual o tumores de baixo grau são monitorados. Neste tipo de abordagem o paciente é acompanhado de perto e a qualquer sinal de piora no prognóstico o tratamento é instituído.
O objetivo é reduzir as sequelas relacionadas tratando apenas pacientes com tumores significativos.
Câncer de próstata tem cura – cirurgia ou radioterapia?
A decisão a respeito do tratamento definitivo para o câncer de próstata é complexa e deve levar em consideração alguns fatores. Os principais modalidades de tratamento com resultados consolidados são a cirurgia e radioterapia.
Estudos comparativos apontam para superioridade da cirurgia, no entanto a maioria dos estudos não tem nível de evidência elevado. O único estudo de nível 1, foi realizado no Japão por Akura e colaboradores. Neste estudo houve diferenças importantes nos indicadores de sobrevida, por exemplo cerca de 90.5% no grupo operado não apresentavam progressão da doença em 5 anos contra 81.2% no grupo que foi submetido a radioterapia. Outros estudos retrospectivos também apontam para melhores resultados com a retirada da glândula.
Meta-análise publicada em 2015 compilou diversos outros estudos e também demonstrou resultados superiores para a cirurgia. Mesmo quando comparado com técnicas modernas e braquiterapia, resultados ainda favorecem a cirurgia. Para finalizar estudo prospectivo inglês que visava responder esta questão foi incapaz de diferenciar os tratamento, devido ao baixo número de eventos.
Independente da comparação direta aos resultados cada método apresenta vantagens e desvantagens intrínsecas que devem ser consideradas no momento da escolha. A radioterapia, por exemplo, é muito utilizada em pacientes com risco cirúrgico elevado. Por outro lado pacientes jovens se beneficiam da perspectiva de tratamentos aditivos e tem melhor resultado com a prostatectomia radical.
Câncer de próstata tem cura – quais são as complicações mais comuns?
As complicações mais frequentes são:
Urinárias
Tanto a radioterapia quanto a cirurgia podem levar problemas urinários. Nos casos de cirurgia a incontinência é o principal problema ocorre de forma severa em 1 a 2% dos casos, mas podendo chegar a 5 % em alguns grupos de maior risco. No caso da radioterapia o principal problema urinário é a dor relacionada a micção. Incontinência pode ocorrer mas é um evento mais raro ocorrendo em 1% dos pacientes.
Potência sexual
Impacto na saúde sexual ocorre com as duas técnicas. Durante muito tempo a cirurgia levou desvantagem neste critério devido ao impacto sobre a inervação peri-prostática. Hoje com a associação do bloqueio hormonal aos esquemas de radioterapia a vantagem que este método apresentava sobre a preservação sexual caiu por terra.
Além disso é preciso considerar efeitos tardios da radiação quando as duas técnicas são comparadas. Por exemplo, em estudo publicado no New England Journal of Medicine, por Resnick e colaboradores, verificou-se equivalência em resultados relacionados a potência sexual após 15 anos de seguimento.
Alterações Actínicas
Este é o nome que se dá ao impacto da radiação sobre tecidos sadios. A bexiga e o reto são os principais órgãos atingidos e a principal manifestação é a de sangue na urina e fezes.
Neoplasias secundárias
Além das alterações actínias sabemos que a radioterapia tem o potencial de causas tumores secundários no reto e na bexiga. E que por esse motivo pacientes devem ser acompanhados com cuidado após o tratamento.
O câncer de próstata tem cura. A definição do tratamento deve ser sempre orientada por equipe multidisciplinar.