Câncer de rim

Câncer de rim se refere a tumores que se desenvolvem a partir do células do rim.

RimO rim é órgão responsável pelo processo de depuração do sangue. O sistema urinário “filtra” o conteúdo sanguíneo e elimina excesso de água e eletrólitos. Substâncias tóxicas produzidas por nosso organismo também excretadas na urina.

Além da função excretora que é bastante conhecida, o rim possui também atividade relevante no controle da pressão arterial e da produção de glóbulos vermelhos.

Para executar todas estas funções é natural que existam diferentes tipos de células neste órgão. Qualquer tumor maligno que seja proveniente destes tipos celulares é considerado um tipo de câncer de rim. Os tipos mais comuns são provenientes de células epiteliais e do sistema excretor.

Dados sobre o câncer de rim

O câncer de rim é mais comum em homens entre 50 e 80 anos e figura entre os 10 tipo mais comuns de câncer ao redor do mundo. Sabemos que sua incidência tem aumentado nas últimas décadas, o que pode estar relacionado ao maior uso de métodos de imagem.

Apesar deste crescimento no diagnóstico é cada vez mais comum o diagnóstico em fases mais precoces. Pequenos nódulos renais limitados ao órgão representam hoje a maioria dos casos.

Outro fator associado a elevação dos número de casos está vinculado a epidemia de obesidade enfrentada em alguns países.

Tipos de Câncer de rim

O carcinoma de células renais é o tipo mais comum de câncer de rim. Este tipo de tumor pode ser ainda subdividido em outros tipos dependendo de sua arquitetura ao microscópio.

Hoje sabemos que os diferentes subtipos de câncer de rim estão associados a diferentes mutações genéticas e, em alguns casos, à sindromes familiares.

Carcinoma de células claras é originário de células do túbulo proximal e o subtipo mais comum (70-80%). Em casos específicos este subtipo de tumor está associado a sindrome denominada Von Hippel-Lindau. Esta síndrome  dá nome a gene responsável pelo aparecimento deste tipo de câncer de rim.

Carcinoma papilífero pode ser divido em tipo 1 e 2. É o segundo mais comum ocorrendo em cerca de 10-15% dos casos.O Tipo 2, faz parte de sindrome denominada leiomiomatose hereditária. Este tipo está associado mutação em enzima fumarato hidratase e tem comportamento mais agressivo.

Carcinoma cromofóbico é um tipo raro (3-5%) e menos agressivo de tumor. Pode encontrado em conjunto com oncocitomas na Síndrome de Birt-Hogg-Dubé.

Carcinoma de ductos coletores (<1%) é proveniente de células dos ductos coletores renais.

Carcinoma medular  está associado a anemia falciforme.

Outros subtipos mais raros compreendem – carcinoma associado a translocação Xp11.2, pós-neuroblastoma,  mucinoso, escamosos, células claras multilocular cístico e não classificáveis.

Outros tipos:

  • Carcinoma urotelial
  • Tumores carcinóides
  • PNET
  • Linfoma/leucemia
  • Sarcomas
  • Tumor de Wilms
  • Mestástases ou invasão por outros tumores

Sinais e sintomas de câncer renal

Atualmente a maior parte dos tumores renais é diagnosticado ainda em fase assintomática. Exames de rotina ou para investigação de outras patologias acabam por identificar o câncer de rim de forma incidental.

Sintomas mais comuns são:

  • Anemia
  • Dor abdominal ou lombar
  • presença de sangue na urina
  • emagrecimento
  • presença de massa abdominal durante avaliação
  • febre
  • sudorese noturna
  • fadiga

Outros sintomas podem aparecer quando a doença já se espalhou, como:

  • Dor óssea
  • fraturas espontâneas
  • falta de ar

Fatores de risco para câncer de rim

Dentre os fatores

  • idade superior a 60 anos
  • sexo masculino – está associado a uma frequência maior de surgimento deste tipo de tumor
  • história familiar – em parentes de primeiro e segundo grau
  • obesidade – epidemia associada a elevação na incidência deste tipo de tumor
  • tabagismo – eleva em 1.4 a 2.5 a chance de desenvolver a doença
  • hipertensão arterial – terceiro fator mais importante
  • exposição a agentes químicos – tais como cadmio, tricloroetileno e asbesto

Além destes fatores que acometem a população geral existem situações específicas que estão associadas a risco maior de desenvolvimento de tumores renais.As síndromes genéticas familiares: von Hippel-Lindau, Birt-Hogg-Dubé, Leiomiomatose hereditária e esclerose tuberosa estão associadas a formação de tumores nos rins.

Pacientes com insuficiência renal crônica em estágio avançado também apresentam risco elevado de tumores renais. Isso ocorre especialmente em pacientes com doença policística adquirida.

Pacientes submetidos a radioterapia retroperitoneal para tratamento de tumores testiculares e pacientes usuários crônicos de anti-inflamatórios (em especial a fenacetina) e diuréticos também podem apresentar risco.

Diagnóstico de câncer de rim

O Diagnóstico dos tumores renais é feito através de exames de imagem. Os principais métodos de imagem utilizados atualmente são a ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética. Cada método apresenta vantagens e desvantagens:

  • Ultrassonografia – tem baixo custo e é muito disponível, mesmo em cidades do interior, no entanto, depende muito do operador que está realizando o exame e da qualidade do aparelho.
  • Tomografia Computadorizada – é o exame de escolha para avaliar um nódulo renal. O exame com contraste pode avaliar a vascularização do nódulo e avaliar possíveis metástases em gânglios linfáticos e outros órgãos. A principal desvantagem é o uso de radiação.
  • Ressonância Nuclear Magnética – oferece poucas vantagens em relação a tomografia, sendo utilizada principalmente na avaliação de cistos renais. Desvantagens vão do tempo para realização do exame ao custo e baixa disponibilidade.

Outros exames de imagem como urografia, cintilografia e PET scan não são rotineiramente utilizados, mas podem ser solicitados em situações específicas quando pelo médico que está assistindo o caso.

Exames laboratoriais são utilizados para avaliação de extensão da doença. Para isso utilizamos um painel incluindo hemograma, hepatograma, eletrolitos, função renal e exame de urina.

Biópsia no câncer de rim

Durante muito tempo a biópsia de massas renais foi vista como algo extremamente perigoso. Atualmente, sabemos que o medo de disseminação de tumor no trajeto da agulha de biópsia é algo extremamente raro e não deve impedir o procedimento quando indicado.

Apesar da segurança e acurácia comprovadas, não é sempre que indicamos a biópsia destes tumores. Grande parte das lesões renais podem ser avaliadas através de sua apresentação clínica e métodos de imagem. Especialmente se o tratamento proposto for a retirada do tumor com preservação do rim, conhecida como nefrectomia parcial.

A biópsia fica reservada para casos duvidosos ou antes de tratamentos não cirúrgicos, como:

  • suspeita de infecção,
  • suspeita de linfoma renal,
  • presença de outro tumor fora do rim,
  • antes de tratamento com medicamentos,
  • antes vigilância ativa,
  • antes de ablação.

Imagens

Cancer de rim - USG
Cancer de rim

Tratamento

Câncer de Rim Localizado

Cirurgia

A cirurgia com a remoção do tumor é até hoje considerada o melhor método de tratamento para tumores renais.

Cirurgia preservadora renal é a mais utilizada hoje em dia. Consiste da retirada do tumor com margem de segurança. O nome técnico é nefrectomia parcial e pode ser realizado por via aberta, laparoscópica ou nefrectomia parcial robótica.

nefrectomia parcial

A cirurgia radical é utilizada para tumores muito volumosos ou que estejam muito próximos a estruturas nobres do rim. Neste casos o órgão é retirada integralmente. Chamamos este procedimento de nefrectomia radical, que também pode ser realizado por via aberta, laparoscópica ou robótica.

Procedimentos aditivos podem ser realizados visando retirada de doença fora dos rins. O mais comum é a linfadenectomia, que visa a remoção dos gânglios linfáticos que cercam o rim e podem ser envolvidos pelo tumor. Outros tipos de ressecção mais comuns são: a retirada da glândula supra-renal, retirada de trombos tumorais invadindo a veia renal ou veia cava, e retirada de nódulo metastáticos solitários.

Vigilância Ativa

A vigilância ativa consiste em observar tumores em pacientes que não apresentem condições para receber o tratamento definitivo. Isso pode ser feito com segurança em pequenos nódulos que apresentem crescimento lento.

Métodos Ablativos

Os mais conhecidos são a crioablação e a radioablação. Estes métodos consistem da destruição do tumor através de métodos de imagem.  A grande vantagem é evitar o procedimento cirúrgico, no entanto, resultados em estudos mostram desempenho levemente inferior a retirada cirúrgica dos tumores.

Câncer de Rim Avançado

Tumores renais que já se encontram disseminados ou que não são passíveis de serem removidos são considerados avançados.

É importante ressaltar que mesmo quando a doença já saiu do rim a retirada do mesmo deve ser realizada quando possível. Sabemos que isso melhora a resposta aos tratamentos.

Nestes casos o tratamento curativo não é mais possível. No entanto, existem diversas drogas capazes de interromper o avanço da doença.

As chamadas terapias-alvo agem em receptores específicos dos tumores de rim e atacam o suprimento sanguíneo. Opções mais conhecidas são:

  • Sunitinib
  • Pazopanib
  • Sorafenib

Recentemente imunoterapicos que melhoram a resposta do organismo a estes tumores foram desenvolvidos. Eles fazem com que nossas células de defesa ataquem a células tumorais, o que tem demonstrado bons resultados em estudos recentes. O principal agente no casos do câncer de rim é o Nivolumab.