Cirurgia de próstata e ejaculação retrógrada
Nesta publicação falaremos sobre a relação entre ejaculação retrógrada e cirurgia prostatica.
Sabemos que a ejaculação é um processo intimamente ligado ao funcionamento glândula prostática. Existem vários motivos para isso. Em primeiro lugar, grande parte do líquido ejaculado é produzido na próstata e nas vesículas seminais. Desta forma, alterações no funcionamento da próstata tenham impacto direto o volume total.
Outro aspecto importante esta relacionado ao mecanismo de ejeção do sêmen. A ejaculação propriamente dita, ocorre através de contrações dos músculos pélvicos. No entanto é necessário o fechamento completo da região que fica entra a próstata e a bexiga. Caso isso não ocorra, a tendência do liquido seminal é ir para a bexiga ao invés de sair ela uretra.
Existem muitos exemplos de alterações do liquido ejaculado, que são causa frequente de consultas com urologista. Presença de sangue, dor durante ejaculação e alterações de consistências são exemplos frequentes.
Especificamente, reduções importante no sêmen costumam preocupar bastante os pacientes e costumam estar relacionados a tratamentos urológicos.
E a cirurgia de prostática e ejaculação retrógrada – qual é a relação?
Da mesma maneira que as doenças prostáticas, os procedimentos cirúrgicos na glândula tendem a causar impacto na ejaculação.
Nos casos de prostatectomia radical, a próstata e completamente retirada em conjunto com as vesículas seminais. Além disso, os ductos que trazem o liquido proveniente dos testículos, denominado deferentes, são interrompidos. Assim, pacientes submetidos a prostatectomias radicais não apresentam mais ejaculação.
No caso das cirurgias para hiperplasia prostática benigna, que é o aumento prostático que ocorre com avançar da idade o impacto é menor. Nestes casos tanto a próstata quantos as vesículas seminais são preservados, portanto, a produção do liquido é pouco afetada. No entanto, o mecanismo de ejaculação pode ser alterado.
É simples entender. Quando a realizamos técnicas de raspagem, vaporização ou enucleação prostática, retiramos as fibras do colo vesical junto com interior da próstata. Estas são as fibras responsáveis por fechar a passagem da próstata para a bexiga durante a ejaculação. Assim existem casos em que ausência deste fechamento direciona o líquido seminal para bexiga durante a ejaculação. A sensação é de que não há liquido, mas na realidade este é um problema na eliminação e não da produção do sêmen. A este fenômeno denominamos ejaculação retrograda.
E a cirurgia de prostática e ejaculação retrógrada – existem cirurgias que podem preservar a ejaculação ?
No tratamento do câncer de próstata, a resposta é não. Mesmo cirurgias robóticas ultraconservadores com preservação de nervos e estruturas do esfíncter retiram a próstata e vesícula seminal. Não existe como preservar a produção do sémen nestes casos.
No casos de cirurgias para o tratamento de hiperplasia prostática benigna, existem técnicas que podem afetar menos a ejaculação. No caso a embolização prostática interfere menos com o processo ejaculatório. Nessa técnica, introduz-se um cateter pelos vasos sanguíneos até os vasos que nutrem a próstata. Neste ponto utilizam-se microesferas e cola biológica para fechar estes vasos. Isso faz com que a próstata reduza de tamanho globalmente sem afetar as fibras do colo vesical.
É verdade que este método não costuma ser tão efetivo quanto as cirurgias. Além disso, seu efeito costuma durar menos tempo.
E a cirurgia de prostática e ejaculação retrógrada – A cirurgia robótica tem algum impacto?
A cirurgia robótica para o caso de hiperplasia prostática benigna esta indicada apenas em casos de próstata bastante volumosas. Principalmente quando a glândula excede 90 gramas.
Recentemente foi descrita técnica cirúrgica de preservação uretral que permite a preservação da ejaculação em um numero maior de paciente. Nesta técnica, ao invés de se realizar uma ressecção em bloco da glândula, a mesma é retirada em partes de forma a preservar a uretra e portanto as fibras do colo vesical. Isto só é possível porque a retirada da glândula é feita de fora para dentro através da capsula prostática. Em ressecções realizadas através da uretra ou da bexiga não existe esta possibilidade.
Em estudo publicado este ano
Porpiglia e colaboradores demonstraram resultados desta técnica em estudo comparativo. O grupo comparou 92 pacientes submetidos a esta nova técnica com 92 pacientes operados anteriormente pela técnica convencional. Ao final de 12 meses, 81% dos pacientes operados pela nova técnica apresentavam ejaculação anterógrada contra 8% da técnica anterior. Do ponto de vista do tratamento de hiperplasia os resultados foram semelhantes.
Ejaculação e atividade sexual
Importante ressaltar que quando falamos de ejaculação estamos nos referindo ao processo de eliminação do sémen. O processo de prazer relacionada a atividade sexual (orgasmo) e função erétil são processos distintos.
Com relação a função erétil, cirurgias de retirada total da glândula prostática podem causar danos a nervos pélvicos e ter impacto na potência. No entanto, com técnicas recentes, especialmente de cirurgia robótica de próstata, é possível preservar a potencia sexual em número elevado de pacientes. A cirurgia para aumento benigno pouco interfere com a função erétil, pois os nervos pélvicos não são manipulados.
No caso do orgasmo, o mecanismo é mais complexo envolvendo fibras sensitivas, córtex cerebral e contrações musculares. Na maioria das vezes a cirurgia de próstata não afeta este processo.
Esperamos que estas informações tenham sido úteis! Para saber mais agende entre em contato.