Laparoscopia: o que você precisa saber?
A laparoscopia surgiu como uma ferramenta para diagnósticos no início do século XX, na Europa. No entanto, ela só começou a ser utilizada para tratar pacientes cirurgicamente 80 anos depois. O objetivo era substituir algumas cirurgias abertas por um procedimento menos invasivo e com recuperação mais rápida.
Atualmente, no Brasil e no mundo, a laparoscopia é uma cirurgia usada nas mais diversas especialidades médicas, com ênfase na área ginecológica, ortopédica e urológica. Abordaremos neste post como é feita a laparoscopia, quais são as suas indicações e outras informações que você deve saber sobre essa modalidade de cirurgia. Confira!
O que é laparoscopia?
O termo “laparos” é derivado do grego e significa “abdômen”. Já “scopia” quer dizer contemplar ou observar. Assim, a laparoscopia, inicialmente, era um procedimento para “enxergar dentro do abdômen”. A primeira cirurgia realizada por essa via foi uma colecistectomia, que consiste na retirada da vesícula biliar, em 1987.
No entanto, após o aprimoramento da técnica, várias áreas da Medicina se beneficiaram, visto que, com essa tecnologia, pode-se acessar praticamente qualquer parte do corpo humano. Dessa forma a laparoscopia é usada para diagnosticar um problema quando este não é descoberto por meio de exames ou do exame clínico, assim como para tratar áreas doentes do organismo.
Como é feita a laparoscopia?
Inicialmente, o paciente é submetido a anestesia. A indicação (anestesia geral, local ou peridural) depende de algumas variáveis, como a gravidade do quadro, o estado de saúde do paciente, a área acometida a ser examinada ou tratada, a preferência do cirurgião, dentre outros.
Após, é feita uma pequena incisão (de mm de extensão) com o bisturi, a fim de criar uma abertura para que o laparoscópio seja introduzido. Esse aparelho é feito de um fino tubo de fibras ópticas e possui uma câmera de alta resolução em sua ponta, por meio do qual pode-se visualizar a cavidade interna e realizar diagnósticos ou reconhecer a área a ser tratada. Isso é possível porque a imagem é transmitida para um televisor e há uma fonte de luz acoplada a câmera.
Caso seja necessário, outras pequenas incisões são feitas para introduzir os instrumentos cirúrgicos. Os instrumentos usados nesse procedimento são semelhantes aos da cirurgia tradicional, como pinças e bisturi. A diferença está no tamanho, que é compacto, e na delicadeza que proporcionam. É interessante frisar que a laparoscopia não é feita à laser, embora muitas pessoas acreditem que sim.
Quando a cirurgia é realizada no abdômen, o cirurgião pode optar por insuflar a região com dióxido de carbono, um gás que facilitará a cirurgia. Isso porque essa técnica individualiza os órgãos e cria espaço para o médico operar, diminuindo a chance de lesar estruturas por engano.
Quais são as indicações da laparoscopia?
Como descrito, a laparoscopia pode ser usada em várias especialidades médicas. Na ginecologia, essa técnica é usada para diagnosticar e tratar a endometriose, realizar laqueadura de trompas, retirar cistos dos ovários e tratar e acompanhar a gestação ectópica (fora do útero), por exemplo.
Outras indicações incluem retirada de mioma uterino, tratamento de câncer ginecológico e resolução de DIP (doença inflamatória pélvica, comumente causada por bactérias transmitidas durante o ato sexual). Nesse caso, a incisão é feita no umbigo e na virilha, o que permite ao cirurgião acessar os órgãos da região pélvica.
Quando a região a ser tratada está no abdômen, são feitas pequenas incisões na barriga (cerca de 3 a 5). O procedimento pode ser utilizado para corrigir hérnias, realizar tratamentos no intestino (retirada de câncer e pólipos), remover órgãos inflamados (como o apêndice, a vesícula biliar ou o baço) ou para redução de estômago (cirurgia bariátrica).
Na urologia, as principais cirurgias feitas por laparoscopia incluem a nefrectomia radical e parcial (retirada do rim), a prostatectomia (retirada da próstata), a cistectomia radical ou parcial (cirurgia na bexiga), retirada de cálculos e a pieloplastia (para correção da junção do ureter com a bexiga). Além disso, o procedimento também é útil para diagnosticar problemas de infertilidade masculina e alterações da micção.
A ortopedia é outra área que se beneficiou da videolaparoscopia, visto que com esse procedimento é possível fazer reparos em articulações, como a do joelho e do cotovelo.
Quais são os benefícios da laparoscopia?
A grande inovação é que, devido a laparoscopia, as incisões ficaram menores. Em primeiro lugar essa é uma grande vantagem estética para o paciente, visto que, na cirurgia aberta, seria necessário realizar cortes maiores que 5 centímetros, enquanto a maior incisão necessária para realização da laparoscopia é de 1,5 centímetro.
Outra vantagem é que cortes menores propiciam menor sangramento e trauma cirúrgico. Assim, a dor é menor e a recuperação é mais rápida, o que permite que o paciente retorne mais precocemente para suas atividades cotidianas quando comparado ao resultado da cirurgia aberta. Essa característica também diminui o tempo de internação, o que evita que o paciente tenha infecções pós-operatórias.
Existem riscos em optar pela laparoscopia?
A laparoscopia, como qualquer procedimento cirúrgico, oferece alguns riscos para a saúde. Entre eles, pode-se citar a lesão de outras estruturas, hemorragia, infecções no pós-operatório, formação de aderências e perfuração de órgãos.
No entanto, devido ao avanço da tecnologia, quando essa técnica é realizada por um profissional experiente e qualificado, há baixíssima incidência de riscos e complicações.
Como é o pré e o pós-operatório da laparoscopia?
Antes da cirurgia, é comum que o cirurgião peça alguns exames para verificar como está a saúde do paciente. Nesse caso, são feitos exames para o risco cirúrgico, como hemograma, coagulograma, glicemia de jejum, urina de rotina e eletrocardiograma, por exemplo.
Na véspera da internação recomenda-se que a dieta seja leve. Cerca de dez horas antes, o jejum deve ser absoluto. Essa indicação depende do tipo de cirurgia laparoscópica a ser realizada. Dessa forma é importante seguir a recomendação do cirurgião.
A alta hospitalar normalmente acontece com 24 a 48 horas se não houver necessidade de monitoração ou complicações. O período de repouso também depende de qual cirurgia foi realizada e varia drasticamente. Em algumas cirurgias ortopédicas, como a de reconstrução de ligamento do joelho, estimula-se o paciente a andar precocemente, enquanto outras necessitam de repouso por, pelo menos, uma semana.
Em qualquer técnica é importante lavar a ferida operatória e mantê-la seca. O controle da dor é feito com a medicação prescrita pelo médico.
O Dr. José Alexandre é médico urologista e realiza cirurgias por via laparoscópica, aberta e robótica. Entre em contato com a sua clínica e saiba qual é a mais indicada para o seu caso!