Nefrectomia radical: entenda mais sobre essa cirurgia renal robótica
Estimativas publicadas pelo INCA no início deste ano afirmaram que 600 mil novos casos de câncer eram aguardados para 2018. Nos homens, o tumor mais prevalente é o de próstata, enquanto nas mulheres as mamas são mais comumente acometidas. Os tipos de menor incidência compreendem somente cerca de 41 mil casos. É o caso do câncer de rim, que representa apenas 3% de todos os tipos de câncer.
O grande desafio no tumor renal é o fato de ser uma doença silenciosa. Dessa forma, não há sintomas nas fases iniciais de alteração renal e é comum que a pessoa com o câncer só o descubra em uma avaliação de rotina, por acaso. Com isso, a maior parte dos diagnósticos só é realizado em fases avançadas da doença.
Nesses casos a principal forma de tratamento é a retirada do rim acometido, a glândula adrenal localizada em seu polo superior e os linfonodos da região. A cirurgia que realiza esse procedimento é chamada de nefrectomia radical e será abordada neste post. Confira!
Para que serve a nefrectomia radical?
A principal indicação da nefrectomia radical é a retirada de tumor no rim. Ainda não está claro para os especialistas quais são as causas de câncer renal. A alteração começa quando há mutação das células renais, causando uma multiplicação desenfreada que forma massas.
Existem alguns tipos de câncer nos rins, mas o mais comum é o que acomete os túbulos que formam os néfrons, estrutura responsável pela filtração do sangue.
Como falado, em um número relevante dos casos a doença só é descoberta em estágio avançado. Tumores de tamanho superior a 4 centímetros ou que estejam localizados muito próximos à região central do rim comprometem a função renal gravemente, inviabilizando uma cirurgia que mantenha parte do órgão. Em casos de tumores menores ou localizados nas bordas renais é possível realizar a nefrectomia parcial, ou seja, há preservação de parte do rim.
Outras indicações de nefrectomia radical são rim não funcional, rim pequeno congênito e retirada do órgão para transplantes, em caso de doação em vida.
Como é feito o tratamento da nefrectomia?
No geral, a nefrectomia pode ser feita de três formas:
-
aberta, que é feita com uma grande incisão nas regiões lateral e posterior do tronco;
-
laparoscópica, que usa pequenos cortes para fazer a manipulação no rim e uma incisão um pouco maior para a retirada do órgão;
-
robótica, que usa pequenos cortes e faz a dissecção do rim usando o robô.
Existem três tipos de nefrectomia. A primeira é chamada de parcial, em que preserva-se uma parte funcional do órgão, retirando somente o tumor. Também existe a total, cirurgia em que não é necessário retirar a gordura que circunda o rim e dificilmente incluirá a glândula suprarrenal e os linfonodos próximos ao órgão.
Por fim existe o procedimento intitulado de radical. Devido ao grande acometimento do rim em alguns casos é preciso retirar, além do órgão, a fáscia de Gerota (gordura que fica em volta do rim), os linfonodos e, em alguns casos, a glândula suprarrenal. Para isso, abordam-se os vasos renais, que são clipados e seccionados.
Existem situações em que o ureter, estrutura que liga o rim à bexiga, também está acometido. Sendo assim, é necessário retirá-lo totalmente ou parcialmente, o que depende da extensão do problema.
Quais as vantagens do tratamento via nefrectomia radical robótica?
A Urologia é uma das áreas médicas que mais desenvolve a cirurgia robótica. Vários procedimentos que anteriormente eram feitos por via aberta nessa especialidade hoje são realizados com braços robóticos, como:
- cistectomia — retirada total ou parcial da bexiga;
- pieloplastia — correção de alterações no rim e ureter;
- prostatectomia — retirada total, radical ou parcial da próstata;
- adrenalectomia — retirada da glândula suprarrenal;
- nefrectomia — seja ela parcial ou total.
Nas nefrectomias realizadas por via laparoscópica convencional a indicação para retirada de câncer era apenas para tumores menores e menos complexos, devido ao risco elevado de hemorragia. Hoje a realidade é diferente, visto que com a cirurgia robótica pode-se operar tumores mais desafiadores sem a necessidade de incisão aberta.
Isso acontece porque o braço robótico permite máxima precisão ao cirurgião, garantindo ao paciente um menor índice de sangramentos. Aqui é interessante salientar que é o médico urologista quem controla o braço cirúrgico, mas a vantagem é que ele reduz o risco de tremores e fornece ao cirurgião movimentos mais delicados.
A precisão dos movimentos garante outra vantagem, que é a retirada de estruturas com boa margem. Assim é possível preservar o máximo possível dos órgãos e, ainda, evitar que outros locais sejam atingidos erroneamente.
Outra grande vantagem do procedimento robótico são as pequenas incisões. Os cortes feitos, que podem variar de 3 a 5, são de apenas 8mm. Além disso, o corte para retirar o rim é feito na linha do biquíni, evitando incisões muito aparentes. Em nível de comparação, a cirurgia de nefrectomia aberta necessita de uma incisão de 30 centímetros para retirada do órgão.
Todos esses benefícios garantem ao paciente uma recuperação mais rápida, ou seja, há saída precoce da internação e é possível retornar às atividades em menor tempo.
Quais os principais cuidados pré e pós-operatórios via nefrectomia radical robótica?
Os exame pré-operatórios da nefrectomia radical robótica são simples e comuns a todas as cirurgias. Normalmente o cirurgião pede um exame de sangue, a fim de verificar como está o poder de coagulação do paciente, e uma avaliação cardiológica. Outra avaliação importante (e mais específica) é a de função renal, visto que com a retirada de um órgão é necessário atestar que o outro rim suprirá as necessidades do organismo.
Além disso, é necessário que o paciente faça exames de imagem, como a tomografia de abdômen e tórax, a fim de verificar a localização do tumor, realizar o seu estadiamento e visualizar se há metástases em outras regiões. Também é pedida uma avaliação de risco cirúrgico. Se o paciente estiver com o risco adequado não é necessário realizar nenhuma preparação específica, somente fazer o jejum indicado pelo médico.
O pós-operatório da cirurgia por via robótica é bem tolerável. O paciente fica internado cerca de 2 dias e, em alguns casos, deixa-se um dreno, o que depende da área de descolamento da cirurgia. Entre 15 a 30 dias o paciente já retorna às suas atividades habituais.
É interessante salientar que ter somente um rim é uma condição compatível com a vida. Existem pessoas que nascem somente com um rim e outras que realizam a doação e vivem normalmente. Sendo assim, a retirada do rim com o tumor não afetará a qualidade de vida de uma pessoa se o outro rim estiver saudável.
Nesse caso é preciso seguir as recomendações do médico urologista, que incluem:
- reduzir a quantidade de sal nas refeições;
- fazer atividades físicas;
- ter uma alimentação saudável e balanceada;
- parar de fumar;
- reduzir o estresse;
- realizar consultas de rotina para verificar a saúde.
E então, você entendeu como uma nefrectomia radical é realizada e quais são os benefícios da via robótica? O Dr. José Alexandre é médico urologista especialista em cirurgia robótica e tratamento de câncer renal. Para mais informações, entre em contato!